O Hospital Evangélico Goiano é fruto da visão missionária de seu fundador, James Fanstone, juntamente com sua esposa, Ethel Marguerite Peatfield, carinhosamente chamada de Dona Deise.
O HEG iniciou suas atividades no dia 21 de agosto de 1927, cinco anos após a chega do casal Fanstone ao Brasil. Naquela década, foi a segunda unidade hospitalar do Estado de Goiás e a primeira em atendimento particular, dotada de uma estrutura moderna e arrojada para a época.
Em 1924, com o dinheiro adquirido do trabalho como militar-médico no Exército Britânico, James Fanstone comprou uma casa na Rua Desembargador Jaime e adaptou-a para uso médico. Nesta clínica-residência, ele realizou a primeira cirurgia de apendicite do estado, em uma mesa de madeira feita por ele mesmo. Aos poucos, comprou terrenos e casas vizinhas e começou a construção do primeiro prédio próprio, com 20 leitos, sala de cirurgia, raios-x e laboratório. Esta construção se transformou oficialmente no Hospital Evangélico Goiano (HEG), no dia 21 de agosto, e teve a participação de enfermeiras inglesas no seu primeiro corpo clínico.
Na década de 30, o HEG ganhou uma sede com cinco andares e até mesmo elevador, que o historiador João Asmar disse ser o primeiro arranha-céu de Goiás. Em 1934 fundou a Escola de Enfermagem Florence Nightingale, para formação de mão-de-obra especializada, sendo a terceira escola de enfermagem do país. O Hospital Evangélico logo se tornou referência na região centro-oeste, pela qualidade do serviço prestado, sempre em sintonia com centros médicos da Europa e Estados Unidos.
O trabalho de James Fanstone continuou com o filho Henrique Mauricio, formado em medicina pela Universidade de Minas Gerais, em 1951. Posteriormente, dois irmãos médicos, Ernei e Edmo de Pina, casados com duas filhas de Henrique Fanstone, deram prosseguimento na administração familiar do hospital.
O HEG foi considerado pelo Ministério da Saúde como referência nacional em cirurgia cardíaca, cirurgia neurológica e urgência e emergência. Desde sua fundação, é utilizado para estágios de enfermagem, fisioterapia e medicina.
Ao logo de décadas, o HEG se consolidou como um dos maiores hospitais do Estado de Goiás. A instituição possui diversas acreditações e certificações, dentre elas o selo ONA II da Organização Nacional de Acreditação Hospitalar e o selo Platina da Associação dos Hospitais Privados do Estado de Goiás – Ahpaceg.
Em julho deste ano a Família Fanstone anunciou a venda do Hospital Evangélico para a Associação Educativa Evangélica. A decisão foi tomada após uma longa negociação entre a diretoria da AEE e membros da família Fanstone. O HEG é fruto da visão do médico e missionário brasileiro James Fanstone que fundou a unidade em 1927.
Além da credibilidade e solidez da Associação Educativa Evangélica, referência na educacional ao longo dos anos, segundo membros da família Fanstone, a venda do hospital para a AEE foi um processo natural, em razão da relação histórica entre as duas unidades. James Fanstone foi um dos fundadores da Associação.
Visão, fé e pioneirismo
James Fanstone nasceu em Recife em 1890, quando seus pais, os ingleses James e Elizabeth Baird serviam ali como missionários. Mudou-se para a Inglaterra com dois anos de Idades. James cresceu em Brighton e foi educado em casa por sua mãe até os dez anos. Ele começou a tocar órgão aos oito anos de idade e tornou-se o organista da Escola Dominical na igreja que frequentava. Fanstone continuou tocando órgão na escola dominical pelo resto de sua vida.
Fanstone estudou medicina a partir dos 19 anos, morando em um albergue administrado pela Medical Missionary Association em Londres. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele tratou de vítimas na Grã-Bretanha e depois serviu em uma ambulância de campo na França por quatro anos.
Quando a guerra terminou, Fanstone retomou seu treinamento médico. Graduou-se com um MD em doenças tropicais da Universidade de Londres e um diploma em medicina tropical e higiene. Ele se juntou à União Evangélica da América do Sul e estudou teologia por dois anos em Glasgow. Em 1922, Franstone casou-se com Daisy e o casal mudou-se para o Brasil, onde cinco anos depois, já em Anápolis, inauguraria o Hospital Evangélico Goiano.
Em seu hospital, pacientes ricos eram cobrados pela cirurgia; os pobres recebiam tratamento gratuito. Sem nunca abandonar a vocação missionária, os Fanstone promoveram o evangelho cristão, e depois de 30 anos havia 11 igrejas protestantes em Anápolis. Eles também começaram uma escola e uma faculdade que eram então administradas por moradores locais. A faculdade mais tarde se tornou a Universidade Evangélica de Anápolis, que neste ano adquiriu o Hospital Evangélico Goiano.
Daisy Fanstone morreu em 1971, aos 81 anos. Nesse mesmo ano, em reconhecimento à sua contribuição para a educação, o governador de Goiás nomeou uma nova escola secundária de 1800 alunos em homenagem a ela.
James Fanstone morreu em 1987, aos 97 anos, no hospital onde dedicou sua vida. Entre as centenas de condecorações e reconhecimentos por seu trabalho, Fanstone foi premiado com a Ordem do Império Britânico.